Sobrevivendo ao Horror
Definitivamente, não entendo todo o fascínio que o gênero dos Survivor Horrors causa em tanta gente. Silent Hill 4: The Room por exemplo é o rebento mais recente da linhagem que se iniciou bem antes de Resident Evil, com adventures como Shadow of The Comet e D’s Dine. E mesmo com todo o porrilhão de coisas e implementos, é um jogo fraco de dar pena. Basicamente, a idéia do jogo é que um belo dia você acorda em seu apartamento e todo ele esta lacrado, completamente lacrado. Janelas não abrem, correntes trancam as portas e você se vê vitima de pesadelos recorrentes onde seu apartamento se encontra tomado por uma força maligna. Ninguém no prédio consegue ouvir seus gritos de socorro, TV, telefone, rádio ... toda forma de contato com o mundo exterior parece perdida ...Apavorante e claustrofóbico, não? Na verdade apenas claustrofóbico. O jogo começa com o personagem principal, o fotógrafo amador Henry, preso em sua sala há cinco dias. Cinco dias! Ele não sente fome ou outro tipo de necessidade, esta isolado do mundo há cinco dias, e esta completamente são! Esse tipo de incoerência permeia todo o jogo, somada à proverbial e altamente irritante falta de lógica que acompanha o gênero desde o nascimento. Há momentos em que você sabe exatamente qual a solução de determinado puzzle, mas não pode seguir em frente por conta da falta de determinado item ou ação. Isso quando a solução do problema não é ainda mais óbvia do que o proposto pelo jogo, e por uma razão qualquer, vontade dos autores, na maioria das vezes, ela não funciona. Mas não é só voltar pelo mesmo caminho? Não. Não tem como arrebentar as janelas com um objeto pesado? Não, o hippie com o qual você joga não pensa nisso. Ele pensa em usar uma garrafa de vinho como arma para enfrentar monstros horrendos, mas nem passa pela cabeça dele escrever uma mensagem de socorro no vidro da janela, nem na cabeça da polícia arrombar o apartamento do infeliz, nem mesmo quando começam a pipocar mortos na vizinhança. O jogo fica nessa linha entre uma idéia genial e uma péssima execução o tempo inteiro, mas desanda de vez da metade para frente, quando os absurdos se tornam mais frequentes e o ridículo de algumas situações supera em muito o mal estar inicial provocado pelo plot pesado. Quer dizer, que respeito você vai ter por um vilão que sucumbe a bolsadas? Temporariamente, é claro, mas sucumbe.
Para completar, os requerimentos para abrir os modos extras são absurdos demais. Há um modo em que toda a vez em que se passa por determinado ponto do jogo você recebe 10 itens para recuperar energia e 10 caixas de munição. Uau! O detalhe é que para abrir esse modo você precisa terminar o jogo no modo Hard, em duas horas, zero saves, 120 inimigos mortos e todos os pedaços da história. Se você já fez tudo isso armado com um machado enferrujado e poucos itens de cura, pra que serve essa generosidade toda? Claro que há algo de bom em Silent Hill 4, sempre se salva alguma coisa. O plot é muito bom. Conduzido de maneira péssima, mas ainda assim bom. E o sistema de combate é satisfatório, o que é muito mais do que se pode dizer da maioria dos Survivor Horrors. Tem de ser levando em conta a absurda quantidade de inimigos que você tem de enfrentar algumas vezes, e de perto, porque as armas de fogo são poucas e ruins.
Definitivamente, ainda vai demorar para algum Survivor Horror me conquistar. Ainda prefiro de longe a ação como principal companheira da falta de lógica.
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