sexta-feira, novembro 26, 2004

Acordei de sonhos intranquilos ...

Me transformei em “micreiro” ... em algum ponto da minha vida, virei um cara daqueles que passa horas conectando e desconectando cabos e gosta. Naquele cara que adora ver que os programas que faziam seu computador anterior peidar rodar perfeitamente na sua máquina nova. Um ser humano que quase que comemora ao se deparar com um erro desconhecido porque percebe que ainda há surpresas na informática.

E é claro, passei a odiar o Bill Gates ... Não só porque acabei de perceber que o Word mesmo em português reconhece o nome dele, mas também porque após tantos anos abandonei o Windows 98, e já estou morrendo de saudades. É como se você morasse 8 anos na mesma casa , e, ao sair, vem alguém e mexe em pequenas coisas ... deixa o saleiro na sala, o cinzeiro debaixo da pia ... essas coisinhas. Isso e os requerimentos de alguns programas. Para rodar o Windows Media Player 10 como manda o figurino, você precisa de uma máquina que rode Half-Life 2 dando risada. Claro que você consegue fazer tudo o que o Media Player faz com dois ou três programas mais leves. Claro que não vai demorar muito para que eu faça isso. Talvez faça isso hoje mesmo, agora que eu sou micreiro. Céus ... Celular, isso, o que vem a seguir, ICQ?

terça-feira, novembro 23, 2004

Uma idéia

Se alguém tiver serventia paa uma idéia de uma história de quatro páginas curtinha, be my guest:

Agora e ontem, o mesmo como sempre

Página 1:

O cenário é uma caverna enfeitada com arte rupestre e iluminada por tochas precárias. Um casal de selvagens esta a frente de um curandeiro. O curandeiro faz alguns gestos e joga pequenos pedaços de osso no chão. Passa algum tempo interpretando os sinais.

Curandeiro: Os deuses falaram! ... Seu filho não deve nascer! Ele trará apenas tristezas a vocês!

Página 2:

A mulher começa a chorar e o homem tenta consolá-la de maneira desajeitada. O curandeiro assume uma expressão grave, e continua.

Curandeiro: Seu filho não crescerá como crescem os guerreiros, Seu rosto trará a marca de sua maldição, que contaminará a sua linhagem. Sua criança é uma punição, uma aberração, algo que não deveria vir a esse mundo. Um sinal da ira dos demônios para com nossa tribo! Ele não deve nascer!

Página 3:

O homem do casal ainda tentando consolar sua esposa, fala ao curandeiro.

Homem: Imploramos sua ajuda sábio curandeiro. Minha mulher e eu já não somos tão jovens para cuidar de muitos filhos! Precisamos de um filho saudável, e não um monstro inútil e que apenas irá nos consumir! Que faremos!

Curandeiro: Meu jovem, eu ...

Página 4:

O cenário agora é um consultório médico, mas os personagens são os mesmos, bem como suas atitudes. Eles apenas estão adequados ao tempo, o casal é o mesmo e curandeiro esta vestido como um médico.

Médico: Mesmo sendo contra a lei ... eu recomendaria um aborto.

Mulher: Aborto?

Médico: Pense em como é o mundo atual senhora. Uma criança com Síndrome de Down, na idade de vocês, com suas condições financeiras ...

Homem: É uma decisão séria Doutor. Os exames estão 100% certos?

Médico ( esboçando um sorriso irônico ): Ora senhor, a medicina já passou dos limites da adivinhação, não acha?

Fim

segunda-feira, novembro 15, 2004

Reviews Relâmpago

Os Esquecidos:

Confesso que tava me sentindo meio mal ... Xinguei muito “A Supremacia Bourne”, e sai do cinema com a mesma sensação esquisita ao terminar de ver “Os Esquecidos” que me fez odiar “o novo” 007 ( há há ... ). Estaria eu ficando assim tão chato? Bom, na verdade eu sou chato, mas “Bourne” é ruim. “Os Esquecidos” é apenas preguiçoso. O início do filme por exemplo é genial. Mesmo sabendo exatamente do que se trata, mesmo que alguém tenha lhe contato metade do filme, as situações e a narrativa conseguem provocar um clima de estranhamento bem adequado. O final e a resolução do filme também funcionam muito melhor do que o meio do filme. Em outras palavras, pegue um bom capítulo de “Quinta Dimensão” ou “Além da Imaginação” e estique até o meio arrebentar, e em seguida o emende de qualquer jeito. O filme é bem isso, mas poderia ser muito melhor se não ligassem no meio dele um piloto automático de ação/susto/ação/ação/susto irritante. Mesmo assim, é bom produto de entressafra cinematográfica e um bom filhote do estilo Shamayalan. Veja que vale apena.

Shaman King, Master of Spirits:

Ok, agora é definitivo ... o 2D morreu ... Enquanto a SNK Playmore tem a cara de pau de lançar um remake nas coxas de um jogo de 10 anos atrás pro Play 2 ( KOF 94 Rebout ), a Nintendo vai matar o GBA em favor do tal DS. Espero que essa bomba falhe fragorosamente, ou boas coisas como a série Megaman Zero e os Castlevanias, ou mesmo o recente Metal Slug vão morrer prematuramente. Se você jogar alguns minutos de SKMofS, vai torcer para isso também. Sob todos os aspectos, é um Castlevania. Não dos bons, mas seria o melhor dos GBAs graficamente, e o segundo melhor no som. É pena que a tentativa de inserir um enredo que funcione como side-story do anime e alguns erros de design e jogabilidade tornem o jogo irritante. Como todo santo Castlevania, o vai e volta é constante, mas aqui é muito irritante, em grande parte por misturar os sistemas de golpe, equipamentos e mágicas dos Castlevanias anteriores em uma coisa só. Em SKMofS tudo funciona em volta dos espíritos. Alguns vão funcionar como equipamentos, outros como mágicas e outros como poderes para alcançar lugares diferentes. O resultado é que você se prepara combinando os espíritos, e logo tem de trocar um deles por conta de uma área com água, ou com veneno, ou para empurrar uma caixa ... É possível alternar entre quatro configurações de espíritos, mas isso mais atrapalha do que ajuda, uma vez que você pode acionar a configuração errada por engano muito facilmente, através do botão select ou do menu do start mesmo. Vale pela arte, pelos gráficos ( um remake nesse nível de Dracula XX ia ser bom bagaraio ) e pelo som, mas não é nenhuma oitava maravilha do mundo.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Nação do Medo

Dois anos atrás, Regina Duarte compareceu ao programa do candidato José Serra e declarou com a mais deslavada cara de bosta “Eu tenho medo”. Ela não declarou “Meu Deus, eu tive um sonho com um ... um sapo ... e ... Ele era barbudo e ... Oh Meu Deus! Foi Horrível!”, mas o que ela disse nas entrelinhas foi isso. Depois, bem, pouco importa o fato de que ela e Serra tiveram de engolir o velho sapo barbudo, que o governo Lula não é sombra do que deveria ser, tudo isso pouco importa mesmo.

O que importa é uma frase que foi cunhada não lembro por quem, o próprio Lula segundo o Google, no dia seguinte à eleição. “A esperança venceu o medo”. Ponto. Somos uma nação de indolentes, amamos a luxúria, carecemos de responsabilidade e nossos limites morais são mais elásticos do que deveriam. Mas não somos covardes. Não nos acusem disso.

Ao menos nesse contexto, podemos olhar a “nação mais poderosa do mundo” de cima, hoje e sempre. A esperança de paz, dias melhores e menos isolamento mundial foi derrotada por uma ameaça fantasma que pode se tornar real, pela ilusão de força e decisão onde só existe dúvida e ignorância.

O Medo ganhou nos EUA por mais de três milhões de votos. Deus Salve a América, pois no que depender dela própria ... sem dúvida ela prefere se manter debaixo da cama, à salvo de envelopes com anthrax e de jumbos suicidas.