Onde esta aquilo que vale o quê?
Eu estou tentando não pensar ... Tenho tentado elaborar um sistema filosófico e moral que faça algum sentido ao menos pessoal, e estabeleci como dogma que a vida humana é um valor inquestionável e absoluto. A partir daí, seria trabalhar conceitos até me estabilizar.
E ai ... 44 mil mortos ... é até difícil ter uma idéia disso, mas, se você quiser tentar, pense em todo mundo que você já conheceu na vida, mesmo que seja através de um olá ou semelhante. Dificilmente você vai chegar a mil. Imagine ...
Sua mãe, seu pai, seus irmãos ...
O jornaleiro, o padeiro, o guarda de trânsito ...
O velho da casa em frente, a gostosa do vinte e três, o recém nascido chato do apartamento de baixo ...
Aquela garota que fica no ponto de ônibus em frente ao seu, aquele aleijado para o qual você nunca deu esmola, aqueles caras que vendem cachorro quente perto do seu serviço ...
O seu serviço, seu chefe, seus amigos, seus inimigos ...
Você ...
Tudo isso, vezes quarenta e quatro, por enquanto ...
Simplesmente, não esta mais aqui ...
Nunca mais ...
Quanto vale tudo isso?
Só comigo Senhor?
Todo mundo tem taras ... alguns gostam de animais, outros gostam de ser mijados ou pior, temos os adeptos da troca de casais ...
Comigo não podia ser nada comum, né? Eu tinha de ser tarado por evangélicas peitudas ...
Namu amida butsu ...
Se você tem alguma fé, reze pelas almas daqueles que morreram ou que sobreviveram à pior tragédia dos últimos quinhentos anos.
Se você não tem fé alguma, mesmo assim reze. Mal não vai fazer. E há muito pouco bem que algum de nós possa fazer por quem esta lá.
Que o destino se cumpra com nenhuma dor além da necessária Senhor, por favor.
Previsões para o ano do Galo
"TIGRE: Fase difícil para
amor e finanças. Mas com esforço, dedicação e compreensão tudo correrá bem. O campo profissional ficará retido em indecisões. Mantenha a calma e a serenidade."
Ainda mais difícil? Quando chega 2.006?
Ando pelo vale das trevas, sozinho ...
Espiritualmente, um caco. Emotivamente, em frangalhos. Fisicamente, dúzias de dores pra lá e pra cá e mentalmente ...
E mentalmente eu não quebrei como um graveto. Isso é bom. Estou lascando, é verdade, mas acho que ainda agüento mais um pouco antes de me esfacelar e virar serragem.
E sozinho, e me isolando. Depois de quase trinta anos fui reparar como sou anti-social, como é difícil manter contato com as pessoas ...
E perdido, sem saber o que fazer da vida e que para lado ir ...
E com medo ... muito medo ...
Pânico, depressão, auto piedade, dúvida e incerteza ...
Mas eu, mas eu ainda estou aqui.
Esse ano promete, se aquela história de o que não te mata te deixa mais forte for verdadeira.
Life like a drain
Eu devia criar coragem e fazer alguma coisa com a minha inscrição no Orkut, nem que fosse criar a comunidade “Eu Não sei pra que serve o Orkut”. Tava dando uma olhada por ali e a maioria das comunidades me parece absolutamente desinteressante, como ultimamente me parece metade da humanidade. Do restante, poderíamos eliminar uns noventa por cento para bem do mundo. Claro, 90% da humanidade, não do Orkut.
A verdade, é que me sinto um idiota. E quando eu me sinto um idiota, eu fico cínico, o que como resultado me deixa insuportável. Isso ocorre por conta de ter me visto vítima de uma chantagem sentimental baixa, apesar dos avisos. E também por reconhecer em mim defeitos e futilidades que não deveriam estar aqui dentro ...
E tem também uma absurda falta de tesão por tudo ... Quer dizer, Juanes, Carajo e pop rock latino ainda são do Carajo, o cheiro característico de uma xavasca bem cuidada ainda me faz ganhar o dia ...
Mas a vontade de se apegar a tudo o que a gente chama de vida não esta presente. Projetos, ideais, pessoas ... tudo escorre pelo ralo, e o que eu faço é olhar ...
É bem possível que isso ainda seja uma conseqüência do pior ataque de depressão do últimos tempos. Coloquei Drain do X-Japan várias e várias veze se cangritei ela a plenos pulmões pra exorcizar aquela bola de pus sentimental em mim. Drenei, mas, no fim do dia, lá estava a razão de novo.
Hoje ... hoje fui esquecer dos meus problemas com carinho alugado, e depois de mais uma dose de “se você não volta pra mim eu me mato”, eu desisti. Cansei de tentar evitar uma possível tragédia. Vá em paz, eu não me importo. Parei de me importar com a sua vida, com seu destino ...
Não que eu esteja me importando com alguma coisa, não mesmo ...
Eu cubro a aposta, vamos ver o que você tem na mão
Se alguém desiste de viver, se para que ela viva, deve-se criar uma ilusão que não pode se tornar realidade ...
Você pode salvar essa vida? Você gostaria de salvar essa vida?
Você apostaria em um jogo, em uma mentira, em um engodo?
Eu apostei ... E acabo de perceber que não dou tanto valor assim para uma vida ... ou isso, ou estou amadurecendo.
Nada não vale tudo.
Ao ler “O Vampiro que Ri”, minha primeira reação foi de asco e nojo. Ai, por uma dessas incompetências típicas do mercado editorial brasileiro, li o prefácio que se encontrava ao fim do livro. E refleti. O autor do prefácio tecia uma série enorme de elogios ao autor, desenho e roteiro, e ao conceito da obra. Basicamente, comecei a entender o porque do meu asco, quando o autor confirmou minhas suspeitas ... A história não passa de um libelo de como é viver sem moral, ou, melhor, de como só se pode ser feliz quando se transcende totalmente a moralidade. Não vou dar ao livro o tratamento que usualmente dou a coisas que não gosto, empresto e recomendo que não me seja devolvido. Dentro do que se propôs, o autor conseguiu o que queria, mas duvido que ele se propunha a convencer alguém a ser imoral.
De Nietsch a Edir Macedo, passando por todo mundo que adora defender que todos os valores que temos não valem nada por terem sido produto da sociedade, a grande luta do ser humano é contra causa e conseqüência, é contra a responsabilidade e a culpa. Como fez o Doutor Nova de Gunn, lutamos contra o nosso Karma. Adoraríamos viver em um Mundo em que pudéssemos viver sem que nossos atos ressoassem de maneira escandalosa. Não seria bom? Não seria lindo que nada valendo nada, não precisássemos pensar em nada, temer nada, manter nada?
Não, esse paraíso não existe por que ele depende da inexistência do amor, do respeito, da posse, da segurança ... de que vale um paraíso assim, seja ele qual for?
De nada ... seria um paraíso de animais, onde a única motivação possível é a destruição do que não lhe é querido, do que para você não vale nada. Mas em um mundo assim, quanto tempo vai demorar para alguém destruir você?
Esse paraíso é para poucos. Felizes em O Vampiro que Ri, apenas eles, os vampiros. Tudo em volta deles, morre, é destruído. E na maioria das vezes merecem isso. Incendiários, estupradores, prostitutas, espancadores toxicômanos ... Claro, alguns inocentes também são destruídos pelos vampiros ... mas eles podem. Os outros são punidos na medida de suas ações. Porque são humanos.
Da minha parte, acho que um estado de amoralidade não é resposta para nada. A ausência de Karma nos remete aos animais que devoram os próprios filhos por medo de disputa de território e alimento. Eu não quero ser mais animal do que já sou. Quero ser mais humano. Quero escolher. Quero continuar lutando contra as doenças dos sentimentos e da angústia sem remédios, provar para mim mesmo que minha alma existe. Quero escolher, quero entender e traçar minha própria moral. Quero definir e esclarecer meus limites.
Quero a Luz do Sol, que nem mesmo os vampiros que tudo podem tem.
Sobrevivendo ao Horror
Definitivamente, não entendo todo o fascínio que o gênero dos Survivor Horrors causa em tanta gente. Silent Hill 4: The Room por exemplo é o rebento mais recente da linhagem que se iniciou bem antes de Resident Evil, com adventures como Shadow of The Comet e D’s Dine. E mesmo com todo o porrilhão de coisas e implementos, é um jogo fraco de dar pena. Basicamente, a idéia do jogo é que um belo dia você acorda em seu apartamento e todo ele esta lacrado, completamente lacrado. Janelas não abrem, correntes trancam as portas e você se vê vitima de pesadelos recorrentes onde seu apartamento se encontra tomado por uma força maligna. Ninguém no prédio consegue ouvir seus gritos de socorro, TV, telefone, rádio ... toda forma de contato com o mundo exterior parece perdida ...
Apavorante e claustrofóbico, não? Na verdade apenas claustrofóbico. O jogo começa com o personagem principal, o fotógrafo amador Henry, preso em sua sala há cinco dias. Cinco dias! Ele não sente fome ou outro tipo de necessidade, esta isolado do mundo há cinco dias, e esta completamente são! Esse tipo de incoerência permeia todo o jogo, somada à proverbial e altamente irritante falta de lógica que acompanha o gênero desde o nascimento. Há momentos em que você sabe exatamente qual a solução de determinado puzzle, mas não pode seguir em frente por conta da falta de determinado item ou ação. Isso quando a solução do problema não é ainda mais óbvia do que o proposto pelo jogo, e por uma razão qualquer, vontade dos autores, na maioria das vezes, ela não funciona. Mas não é só voltar pelo mesmo caminho? Não. Não tem como arrebentar as janelas com um objeto pesado? Não, o hippie com o qual você joga não pensa nisso. Ele pensa em usar uma garrafa de vinho como arma para enfrentar monstros horrendos, mas nem passa pela cabeça dele escrever uma mensagem de socorro no vidro da janela, nem na cabeça da polícia arrombar o apartamento do infeliz, nem mesmo quando começam a pipocar mortos na vizinhança. O jogo fica nessa linha entre uma idéia genial e uma péssima execução o tempo inteiro, mas desanda de vez da metade para frente, quando os absurdos se tornam mais frequentes e o ridículo de algumas situações supera em muito o mal estar inicial provocado pelo plot pesado. Quer dizer, que respeito você vai ter por um vilão que sucumbe a bolsadas? Temporariamente, é claro, mas sucumbe.
Para completar, os requerimentos para abrir os modos extras são absurdos demais. Há um modo em que toda a vez em que se passa por determinado ponto do jogo você recebe 10 itens para recuperar energia e 10 caixas de munição. Uau! O detalhe é que para abrir esse modo você precisa terminar o jogo no modo Hard, em duas horas, zero saves, 120 inimigos mortos e todos os pedaços da história. Se você já fez tudo isso armado com um machado enferrujado e poucos itens de cura, pra que serve essa generosidade toda? Claro que há algo de bom em Silent Hill 4, sempre se salva alguma coisa. O plot é muito bom. Conduzido de maneira péssima, mas ainda assim bom. E o sistema de combate é satisfatório, o que é muito mais do que se pode dizer da maioria dos Survivor Horrors. Tem de ser levando em conta a absurda quantidade de inimigos que você tem de enfrentar algumas vezes, e de perto, porque as armas de fogo são poucas e ruins.
Definitivamente, ainda vai demorar para algum Survivor Horror me conquistar. Ainda prefiro de longe a ação como principal companheira da falta de lógica.