segunda-feira, junho 28, 2004

"Escuta, disse o demônio ..."

Se o universo pode caber dentro de uma casca de noz, por que diabos a verdade da vida tem de estar dentro de uma igreja, em um livro gigantesco ou nas barbas do profeta? Bem, ela não esta ...

A verdade de cada um esta nos lugares mais variados. Não deve ser agradável descobrir a verdade da sua vida olhando dentro de uma latrina recém-usada, mas isso nunca aconteceu comigo. Eu costumo redescobrir o sentido da existência através de músicas. A mais recente delas é da banda Argentina “Los Autenticos Decadentes”, Sigue Tu Camiño. É daquelas coisas óbvias. Que de tão óbvias, tornam-se difíceis de serem vistas. A mensagem é simples e prática, como toda grande verdade tem de ser.

“Que no te importe ni la vida ni la muerte
Ni la bueno o la mala suerte
Que acompañará tu andar

Sigue tu camino sin mirar atrás
No busqués la calma, no existe la paz
Revelate a la pereza y al destino

Sigue tu camino sin mirar atrás
No te hechés a menos, estirate a más
No dejés que te pase el ganado por encima”

Se você não entende espanhol, foda-se, também não manjo muito. O que importa é que complicamos demais as coisas. Acho que qualquer vida pode ser esxplicada com uma música.

Coitados daqueles que se explicam com músicas do “É o Tchan!”, porque com certeza existem ...

sábado, junho 26, 2004

O que não se comenta ...

Existem histórias que uma vez contadas, de deixam com a sensação de “Putz, como eu queria ter escrito isso!”, pelo menos se você é um pretenso escritor. Acabei de ter uma experiência dessas, e um monte de outras sensações graças a um filmaço chamado “The Unsaid”, um título fantástico que, como todo bom título, foi traduzido burramente como “No Limite do Silêncio”. História adulta, pesada, bem escrita, boa direção, só um tanto pirotécnica algumas vezes, empregando efeitos desnecessários mais de uma vez para definir flashbacks e sonhos, mas tudo iss é mínimo diante da ausência de romances forçados, clichês e coisas do tipo. E tem também o Andy Garcia, como psicólogo atormentado. Acredite quando eu digo, é muito fudido, mas não espere algo do tipo pra grudar na cadeira ou coisa assim. Curta a história, e você não vai se decepcionar.

Sabe, esse é o caminho ... o filme não custou, ou não deveria ter custado, nem perto de um milhão de dólares, mas eu digo prá você que é o melhor filme que eu vi esse ano e que, possivelmente, foi um dos filmes mais interessantes que eu já vi. E tudo graças à uma boa história muito bem contada. Só.

Alguém precisa parar de chorar e se mexer, fazer alguma coisa a esse respeito.

quarta-feira, junho 23, 2004

Enquanto isso na Ilha da Fantasia ...

Campinas, assim como São Paulo, virou um canteiro de obras ... enorme, desorganizado e revoltante ... mas, nem por isso, não deixa de ser um canteiro de obras. O Governo Lula é derrotado no senado de uma maneira que só não foi pior do que o impecheament de Collor, e o Ministério da Fazenda não honrou nenhum dos acordos de greve que assumiu ...

Eu devia estar xingando esse governo até não mais poder, deveria estar reclamando e confesso que até pensei que no caso de uma nova greve da previdência, eu iria estar lá na rua. Mas de repente percebo que minha revolta seria absolutamente infundada, pelo menos no campo pessoal. Financeiramente, embora o país esteja naufragando, há tempos eu não respiro tão aliviado. E todo o imoral debate à respeito de cotas nas universidades talvez me abra as portas de uma faculdade ano que vem.

E o mundo, bem, o mundo que se exploda ...

Emprego estável, tranqüilidade financeira, plano habitacional próprio, e nenhuma culpa. É tudo mais ou menos como viajar de primeira classe no Titanic.

terça-feira, junho 22, 2004

Gaiman sucks!

E Neil Gaiman finalmente fez o que eu achava impossível. Foi ruim de doer. Nem tudo que ele escreveu anteriormente me agradou, mas 1602 nº 2 ( compilação das edições 3 e quatro da publicação original ) é muito, muito ruim. Quer dizer ... nem seria tão ruim se o escritor fosse um Tom DeFalco ou um Doug Moench, mas para algo que saiu da pena de Gaiman, não vale a pena.

Eu podia justificar esse ponto de vista de um monte de jeitos, mas o mais contundente é a visão do Gaiman sobre o Doutor Destino. Lixo, puro e simples. O segundo maior cientista do universo Marvel, e também segundo maior mago, é retratado de uma maneira infantilóide e ignorante, e, o que é pior, capaz de manter Reed Richards em cárcere privado para lhe roubar as idéias ... Isso já seria problema suficiente se não levássemos em conta que ele é o vilão da trama e até agora esta um passo à frente de todos os outros personagens da trama ... Se ele é uma besta, o que são aqueles que comem em sua mão?

Destino pra mim é aquele que Roger Stern e Mike Mignolla imortalizaram em Triunfo e Tormento. Ele é o cara. Não importa o que você faça, ele controla cada passo seu, ele ganhou qualquer disputa com você antes que ela começasse, e se você pensa diferente, é simplesmente por que ele quis assim. Se você contribui para a realização de seus objetivos, você vive, pode até ser bem tratado ... Mas se você cruzar meu caminho ...

Esse é Destino ... Frio, impessoal, inevitável ...

Esse é o destino de todos ... É o meu e o seu ... Decidimos nossas últimas palavras, talvez, antes mesmo de nascermos, e nem temos consciência disso. Talvez nosso propósito na vida seja apenas ter um neto que mudará o mundo, ou talvez você ensine algo para o neto de alguém que, usando o que você lhe disse, mude o mundo ...

Nós não sabemos ...

Eu não sei, ninguém sabe ... A não ser aquele que puxa as cordinhas ...

Sei lá se isso significa alguma coisa ...